Sobre

A missão do CeTICS é investigar a resposta sistêmica de células, tecidos e organismos usando toxinas peptídicas definidas quimicamente como ferramentas moleculares.

Nosso objetivo é descobrir e caracterizar quimicamente os alvos das toxinas que tendem a iniciar respostas biológicas de interesse na terapia e fisiopatologia

humana. Esses alvos moleculares são receptores críticos e/ou outros

mediadores responsáveis por funções

biológicas homeostáticas que

desencadeiam redes de sinalização

molecular em cascata.

Pesquisador responsável
Hugo Aguirre Armelin

Coordenadora de Transferência de Tecnologia
Gisele Picolo

Coordenadora de Educação e Difusão do Conhecimento
Mônica Lopes-Ferreira

Nos últimos anos o CeTICS focou-se no esforço de integração em cinco tópicos de pesquisa: 1. Estudos integrados para compreender a resposta a venenos e toxinas; 2. Genômica do veneno em uma perspectiva evolutiva; 3. Anticorpos; 4. Integração entre inflamação, dor e danos ao DNA; 5. ARTISiN: Amalgam of Repositories and Tools for Identification of Signaling Networks (Conjunto de Repositórios e Ferramentas para Identificação de Redes Sinalizadoras).

Integração

Venenos naturais são misturas complexas envolvendo uma série de toxinas, peptídeos e outros que agem em conjunto para quebrar os sistemas homeostáticos altamente robustos de presas. A presa, por sua vez, ativamente antagoniza cada passo do processo de envenenamento, que apresenta uma cinética complexa envolvendo grandes mudanças em níveis molecular, celular e tecidual. Os desafios para o estudo de veneno e envenenamento representam dois obstáculos de difícil transposição. O primeiro deve-se ao fato que venenos naturais contém uma variedade de toxinas e outras substâncias biológicas ativas que devem ser analisadas com a finalidade de isolar e caracterizar quimicamente seus componentes moleculares. O segundo é por que venenos desencadeiam uma resposta sistêmica que progride de células locais a tecidos até atingir todo o organismo, ou seja, o processo de envenenamento cujos mecanismos subjacentes devem ser descobertos. Ambos os desafios devem ser abordados em paralelo e a fase inicial de cada um é necessariamente exploratória e descritiva. Entretanto, uma fase inicial exploratória bem sucedida resultará, muito provavelmente, em uma fase de descoberta de novas toxinas e seus respectivos alvos metabólicos moleculares que estão inseridos em redes regulatórias principais. Nessa fase avançada, a investigação é dominada por uma pesquisa orientada por hipótese. Essa lógica esquemática é válida para todos os venenos e toxinas independente de sua enorme diversidade biológica.
Nosso Centro é composto por uma equipe de diversos especialistas que compartilham uma vasta gama de habilidades complementares. A multiplicidade de conhecimentos nos permitiu contemplar dentro do tópico focal 1, “resposta a toxinas”, venenos ainda pouco conhecidos e toxinas totalmente caracterizadas. Além disso, o tópico 2 “evolução genômica de venenos” é uma extensão natural do primeiro tópico. Por outro lado, o organismo hospedeiro reage ao envenenamento desencadeando um fenômeno altamente complexo denominado “resposta imune”. Dentro do vasto tema resposta imune, o tópico 3 foca no tema clássico “anticorpos”. Ainda dentro do tema resposta do hospedeiro, o tópico 4 foca em um fenômeno composto e complexo “inflamação, dor e estabilidade genômica”.
Finalmente, o tópico 5, baseado em Bioinformática e Biologia computacional, aborda “mapas estáticos de redes moleculares sinalizadoras e modelos computacionais dinâmicos dessas redes.”
À primeira vista, esse cenário pode parecer uma pesquisa científica impraticável. Porém, antes de tirarem conclusões precipitadas, garantimos ao leitor que em todos os tópicos focais de pesquisa lidamos com projetos viáveis que consistem em introdução, lógica, objetivos definidos e resultados conclusivos, que seguem linhas metodológicas rígidas. Podemos comprovar a afirmação anterior por meio do progresso que fizemos nos últimos anos, cujos resultados principais são apresentados aqui.

No Instituto Butantan, toxinologia e regulação da

resposta-imune são, tradicionalmente, áreas conexas de

pesquisa científica e desenvolvimento biotecnológico,

através das quais o Instituto, historicamente,

construiu sua reputação internacional de excelência.

História

No Instituto Butantan, toxinologia e regulação da resposta-imune são, tradicionalmente, áreas conexas de pesquisa científica e desenvolvimento biotecnológico, através das quais o Instituto, historicamente, construiu sua reputação internacional de excelência. Na cultura do Instituto, venenos são misturas complexas de toxinas, selecionadas ao longo da evolução para sinergicamente exercerem efeitos biológicos sistêmicos, através de mecanismos bioquímicos, moleculares e celulares, altamente específicos. Portanto, a análise química de venenos tem boas chances de levar à descoberta de novas moléculas de toxinas com potencial terapêutico. Essas premissas foram seguidas com sucesso por pesquisadores do Centro de Toxinologia Aplicada (CAT-cepid/FAPESP), projeto iniciado há 10 anos, que isolaram, caracterizaram quimicamente e patentearam diversas toxinas de natureza protêica, que se tornaram pontos de partida para o desenvolvimento de inovação farmacêutica em parceria com indústrias locais. A ênfase em proteínas e peptídeos levou o CAT-cepid a instalar laboratórios de vanguarda para transcriptômica, proteômica, biologia molecular do DNA recombinante e síntese de peptídeos. Mais recentemente, estudos dos mecanismos de ação, bioquímicas, moleculares e celulares, dessas promissoras moléculas foram iniciados com o objetivo de estabelecer provas de conceito. Assim, o CAT estabeleceu, no Instituto Butantan, as condições iniciais para a criação de um Centro de Toxinas e Resposta-imune fundamentado nas abordagens atuais da biologia sistêmica. Por conseguinte, 11 pesquisadores, dentre os mais competitivos do Instituto Butantan, propõem a criação do novo Centro de Toxinas, Resposta-imune e Sinalização Celular, com aspirações a centro de excelência de classe mundial, aproveitando a histórica reputação internacional do Butantan e o sucesso recente do CAT-cepid. O Plano de pesquisa do Centro integra subprojetos voltados para a pesquisa científica com subprojetos com vocação para a inovação tecnológica. Um grande grupo de cientistas seniores do Instituto Butantan, de outras instituições brasileiras e de renomadas instituições estrangeiras são colaboradores do Centro.