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O Instituto Butantan iniciou sua participação na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia com a inauguração de um painel ilustrativo em braile sobre a biologia do Zebrafish.

Novo painel do zebrafish é inaugurado com informações em braile
18 out 2018 -17 nov 2018

Por Caroline Roque

O Instituto Butantan iniciou sua participação na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia com a inauguração de um painel ilustrativo em braile sobre a biologia do Zebrafish, também conhecido como peixe paulistinha. O novo espaço ilustrativo está instalado na parede externa do Leta (Laboratório Especial de Toxinologia Aplicada) e pode ser acessado por todos os visitantes gratuitamente.

A ideia do projeto é promover a acessibilidade nas atividades de difusão do conhecimento, aproveitando o tema da Semana de Ciência e Tecnologia “Ciência para a Redução das Desigualdades”. “Quando eu vi o tema, me perguntei como poderia participar e pensei na deficiência visual. Tenho integrante na família, então é uma questão próxima a mim, eu vejo como eles não têm acesso. Sou suspeita pra falar, mas o resultado ficou excelente, estou muito contente”, afirma a diretora e idealizadora do projeto, Mônica Lopes Ferreira.

Além do conteúdo do painel estar em português, inglês, Braille BR e Braille americano, as ilustrações com relevo ajudam quem não sabe ler o sistema. Como é o caso de duas pacientes do Centro de Reabilitação IV M’Boi Mirim, que foram as primeiras a conhecer o novo formato do painel. “Ainda estou aprendendo a ler em braile mas gostei da sensação. Nunca tinha ouvido falar nesse peixe e achei ótimo”, afirmou Roseni Rodrigues de Oliveira da Silva, de 54 anos. Para Ilda Aparecida Santana, de 53 anos, que também desconhecia o assunto, os relevos a ajudaram a perceber a diferença de tamanho entre macho e fêmea da espécie. “Foi uma experiência boa, eu não conhecia o peixinho e achei interessante essa diferença”.

Na cerimônia de inauguração a importância da divulgação científica foi lembrada pelo diretor do Centro de Desenvolvimento Cultural, Rui Curi. “Parabenizo o trabalho que vem sendo realizado, pois nós temos orgulho de fazer parte desse momento em que se enxerga a ciência de outra forma, em que todos estão comprometidos em fazer ciência para eliminar desigualdades no nosso país”, afirmou.

O evento contou com uma apresentação do grupo musical Sons Vítreos, vinculado à UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), que tem músicos, com e sem deficiência visual, que tocam instrumentos feitos com vidro.

O Painel
A criação do material ficou por conta das designer Marina Ayra e Wanda Gomes, especialista em produzir conteúdo educativo a partir de uma técnica aperfeiçoada por ela e sua equipe. “Utilizamos um tipo de verniz para dar a altura e o diâmetro adequado ao braile e aos elementos em relevo. Essa é primeira vez que fazemos algo com finalidade científica, o que me deixa emocionada, pois finalmente a gente aproxima a ciência e o cientista com a pessoa com deficiência visual, cujo maior prejuízo é a falta de inclusão e de oportunidade em estar junto com outras pessoas”, explica Wanda, que com sua equipe levou 3 semanas para produzir o material.

Este é o terceiro painel que o laboratório utiliza para divulgação de suas pesquisas, sendo que a cada formato novos elementos são incluídos com o objetivo de melhorar a leitura para o maior número de pessoas.

“Achei muito bonita essa iniciativa, porque ela integra escolas, crianças, jovens, e pessoas que ainda não conhecem o braile. Também achei muito bonito, é um painel completo porque está escrito em várias formas”, destaca a colaboradora do Butantan Maria Estela Pezzine, que trabalha no Instituto há 20 anos.