Acontece

O projeto é resultado da parceria do Centro de Toxinas, Resposta-Imune e Sinalização Celular (CeTICS) do Instituto Butantan, e tem por objetivo promover comunicação e integração, além de fomentar colaborações entre pesquisadores que estudam o peixe “Paulistinha”

Pesquisadora do IB cria blog sobre estudos com o zebrafish
02 jul 2018 -02 jul 2019

Por Caroline Roque

A Rede Zebrafish lançou na última semana o seu site oficial​. O projeto é resultado da parceria do Centro de Toxinas, Resposta-Imune e Sinalização Celular (CeTICS) do Instituto Butantan, e tem por objetivo promover comunicação e integração, além de fomentar colaborações entre pesquisadores que estudam o peixe “Paulistinha”, que vem sendo usado para muitos estudos científicos devido a sua semelhança genética com o ser humano (70%).

“A ideia é que todos que pertencem à rede possam divulgar seu trabalho, interagir com outros pesquisadores e informar sobre o que está acontecendo, como publicação de artigos, palestras e congressos sobre o tema”, explica Mônica Lopes, diretora do Laboratório Especial de Toxinologia e coordenadora da Plataforma Zebrafish.

O pesquisador que quiser fazer parte do blog deve, necessariamente, utilizar o zebrafish em seus estudos. O próximo passo é realizar um cadastro no site para que uma comissão possa analisar a ficha e aceitar a participação. Os aprovados receberão um contato para envio de conteúdo a ser publicado no blog e já estarão integrados ao site.

Desde que a Plataforma Zebrafish foi inaugurada no IB, em 2015, uma rede de pesquisadores começou a ser formada. Através de e-mails e grupos em aplicativo de mensagem, esses cientistas trocavam informações, mas de forma descentralizada. Percebendo a necessidade de uma estrutura melhor, Mônica Lopes teve a ideia de criar um site e consolidar uma identidade para a rede.

“A rede vem para possibilitar o encontro entre o pesquisador consolidado e aquele que está começando a estudar o peixinho, pois acredito que dessa forma o trabalho em equipe aconteça de forma mais rápida e eficiente” afirma a pesquisadora.

Atualmente a rede é formada por cerca de 50 pessoas distribuídas em 25 instituições por todo o país. A partir do momento em que todos migrarem para o blog, será criado um mapa indicando a localização de todos os profissionais, mostrando o real tamanho da rede.

O mascote

Junto com o lançamento do blog foi aberta a campanha para escolher um nome para o mascote da Rede Zebrafish.

Na primeira fase do concurso, todos os participantes da rede poderão sugerir nomes que, posteriormente, serão avaliados por uma comissão para definir os três melhores. Nesta fase a votação será aberta para que o público externo escolha o melhor.

Para o pesquisador que sugerir o nome vencedor será concedido como prêmio um kit científico para trabalhar com o zebrafish e também o custeio de passagem, inscrição e estadia para participação do Congresso da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) 2019, que acontecerá no Mato Grosso do Sul.

Em agosto, quando a votação se encerrar, haverá um evento para divulgar o resultado junto com o lançamento de um novo rack (aquário) para o peixinho.

O Zebrafish

Conhecido popularmente como peixe paulistinha, bandeirinha e também zebrafish, o Danio rerio é uma espécie nativa da Índia que vive em água doce, como rios de plantações de juta e arroz. O peixinho chega no máximo a 3cm de comprimento e possui listras pelo corpo.

A espécie começou a ser estudada como modelo experimental na década de 80 e apresentou inúmeras vantagens, como alta semelhança genética com o ser humano (cerca de 70%), transparência dos embriões e larvas, rápido desenvolvimento, grande número de embriões gerados a cada acasalamento (cerca de 200 a 300), pode ser usado para pesquisa em todos os estágios de vida, é fácil de criar possibilitando a otimização de espaço nos laboratórios, baixo custo de manutenção (R$0,60 cada peixe em comparação com R$8 cada camundongo), é fácil de ser manipulado geneticamente promovendo testes rápidos, entre outras vantagens.

“Acredito que vai ser difícil uma instituição brasileira não usar o zebrafish daqui pra frente”, afirma Mônica. No Instituto Butantan, a plataforma possui atualmente 6 mil peixinhos e comporta até 9 mil, sendo que 90% dos estudos com o zebrafish no IB utilizam embriões.

Por ano, cerca de 3.500 estudos que utilizaram o zebrafish como modelo experimental são publicados em todo o mundo. Versátil, o peixinho pode ser modelo para todas as áreas de pesquisa, como psicologia, fisiologia, homeopatia, imunologia, toxicologia, entre outros.